Redescobrindo o valor do Masculino Sagrado segundo a religião da Deusa.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

O Deus Triplice

Conectar-se diretamente com o Deus é de suma importância no resgate de qualidades humanas esquecidas no tempo.
A exemplo da importância do número 3, o Deus também apresenta seu tríplice aspecto, cada qual com sua importância em relação à formação do homem social.
Passemos a Eles:

O Cornífero
Freqüentemente chamado de o Doador da Vida, Mestre da Morte e Ressurreição, Deus das Sementes, Deus da Fertilidade.
Pode ser reconhecido como Cernunnos, Pã, Adônis e Osíris. Ele também é o Inefável.
Retratado incontáveis vezes em paredes de cavernas que datam do Paleolítico, bem como em expressões artísticas e religiosas das mais diversas civilizações, o Cornífero sempre foi o símbolo maior do Divino Masculino.
Os Chifres sempre foram o sinal pagão de algo Divino. Na Babilônia, por exemplo, o grau de importância dos Deuses era entendido ao número de chifres a Ele atribuídos. Alexandre, o Grande, declarou-se Deus ao tomar o trono do Egito tendo encomendando uma pintura sua ornada de chifres. O Alcorão faz menção a Alexandre como “Inskander Dh’l Karnain”, que significa “Alexandre dos Dois Chifres”. Uma alusão ao seu nome é preservada até hoje em tradição Alexandrina, na qual, Deus é chamado de Karnayana.
A interação com a Fauna mostra-se uma vez que o Deus Cornífero não é só o aspecto do Caçador, mas também é visto como sendo a própria caça. Nesse aspecto ele deve ser reconhecido como o animal do sacrifício, sacrificado para que possamos sobreviver durante os períodos de Samhain. Nessa faceta, o Deus também apresenta um lado mais obscuro. Um outro nome dado ao Deus Cornífero é “O Caçador”. O Grande Deus não só é um símbolo doador da vida, mas na sua retirada também, onde podemos perceber o eterno ciclo de nascimento, morte e renascimento. Ele às vezes é representado carregando um arco de caça.
Durante a expansão do cristianismo, cristãos adotaram a imagem do Deus Cornífero para a representação do seu diabo, cuja descrição física incluía os pés de animal e os chifres. Com essa atitude, a Igreja Cristã tentava demonstrar ao pagão que sua fé no paganismo era ruim, má. Porem, o diabo é a representação do Mal Absoluto, enquanto o Deus Cornífero não é visto dessa forma. O Cornífero é uma força da natureza, não completamente beneficente ou maleficente. No seu papel de Pai, Ele dá a vida. Já em sua morfologia de Caçador, Ele a toma, em forma de sacrifício necessário para a continuidade da raça.
Os primeiros clãs humanos sobreviveram graças, em grande parte aos caçadores e guerreiros. Caçava-se o gamo, que fornecia o alimento, agasalho e instrumentos confeccionados com chifres e cascos. O alce de tornou um símbolo de previsões, e na sua natureza de líder e protetor da amada, os caçadores primitivos identificaram algo próprio do clã. A rivalidade entre os machos pelas fêmeas, era, em muitos aspectos, simbólica das paixões com que os próprios homens lutavam. Resgatar a face conífera do Deus é um resgate dos Mistérios Masculinos.
Já escrevia o grande mitólogo Joseph Campbell em seu trabalho “Primitive Mythology”:
“Para os primitivos povos caçadores, os animais selvagens eram manifestações do desconhecido. A fonte de perigo e sobrevivência foi associada psicologicamente à tarefa de compartilhar o mundo silvestre com esses seres. Ocorreu uma identificação inconsciente, que se manifestou nos místicos totens meio humanos, meio animais das antigas tribos. Os animais tornaram-se tutores da humanidade. Por meio de imitações, as naturezas separadas de humanos e animais foram derrubadas e criou-se a União. O mesmo é verdade acerca das posteriores comunidades agrícolas, que viram os ciclos de vida e morte dos humanos refletidos nos ciclos das colheitas”.

O Green Man
Quando adentramos nas sombras da floresta mística, encontramos um rosto que olha fixamente para nós: o Green Man, mascarado com folhagens e galhos que formam seu rosto e saem de sua boca. O Green Man é um símbolo pré-cristão encontrado gravado na madeira e na pedra de templos e sepulturas pagãs, de igrejas e de catedrais medievais, e usado como ícone arquitetural da era Vitoriana, em uma área que se estende da Irlanda até o Leste da Rússia. Embora encontrado geralmente como um antigo símbolo celta, na verdade, suas origens e o significado original são encobertos no mistério. O nome data de 1939, quando a senhora Raglan (folclorista) encontra uma conexão entre as caras folhadas das igrejas inglesas e os contos do homem verde (ou “Jack, o verde”) do folclore irlandês.
Ele é o Mestre da Colheita e de toda a Natureza cultivada. Está relacionado aos grãos e ao desenvolvimento da agricultura. É o dominador da vida e do crescimento das plantas. Ele é nossa parcela do sátiro que nos traz alegria, a felicidade. Esta associado aos excessos e ao êxtase provocado pelo vinho, tão sagrado pelas culturas primitivas.
Nessa face, Ele assume vários papeis, principalmente o de Filho, e Amante da Deusa.
Diversas deidades ao longo da história humana representaram bem as características do Green Man. Abaixo, demonstramos algumas delas:
Dionísio Deus do vinho e da vegetação, que mostrou aos mortais como cultivar as videiras e fazer vinho. Foi identificado como o romano Baco.
Filho de Zeus, Dionísio normalmente é caracterizado como um deus da vegetação especificamente das arvores frutíferas - freqüentemente, representado em vasos bebendo em um chifre com ramos de videira.
Ele eventualmente tornou-se o popular deus do vinho e da alegria, e milagres do vinho eram reputadamente representados em certos festivais de teatro em sua homenagem. Dionísio também é caracterizado como uma divindade cujos mistérios inspiram a adoração ao êxtase e o culto às orgias. Estas celebrações frenéticas, que provavelmente se originaram com festivais primaveris, ocasionalmente, traziam libertinagem e intoxicações. Essa foi uma forma de adoração pela qual Dionísio tornou-se popular no séc. 11 a.C., na Itália, onde os mistérios dionisíacos eram chamados de Bacanália e, posteriormente, bacanais (os quais hoje, são sinônimo de orgias). As indulgências das Bacanálias se tornaram extremas e as celebrações foram proibidas pelo Senado romano em 186 a.C. Entretanto, no séc. I d.C., os mistérios dionisíacos eram ainda populares.
Sileno: O sátiro Sileno era um seguidor fiel de Dionísio. Gordo, feio e beberrão, Sileno era extremamente sábio e passou grande parte de sua sabedoria ao deus. Nos festejos, costumava estar bêbado demais e recebia ajuda de alguns sátiros, ou seguia no lombo de um asno. Seus homônimos, os silenos, eram seres com aspectos de sátiros.

O Ancião
O Ancião é a ultima das faces do Deus e personifica a fonte máxima do conhecimento. É o senhor da Magia e da Morte. É ele que conduz os espíritos dos homens a Summerland. Está relacionado ao princípios dos tempos quando tudo era “escuridão”. Conhece todos os segredos do Universo. Está relacionado ao renascimento e à ligação com os outros mundos. É a face ancião que reverenciamos em Samhain.
Nessa época, com sua sabedoria infinita reconhecemos a importância da Morte como decorrência da vida. Segura em suas mãos o cajado, o elo de ligação entre a terra e o céu. Entre o sólido e o etéreo. Mede seus passos com o cuidado do conhecedor dos caminhos e de como podem ser traiçoeiros.
Devido ao aspecto idoso, é a personificação que representa o conhecimento de todos os mistérios que só a experiência pode proporcionais. É o Deus da Sabedoria, do bem e do mal não-absolutos. É a ele quem devemos recorrer e reverenciar nos momentos de dificuldade e anulação de qualquer tipo de malefício. Ele é o Deus da paz e do caos. Da harmonia e da desarmonia. O Ancião já passou pela jovialidade e energia do Cornífero, e pela maturidade, entusiasmo e força animal do Green Man. Acumulou toda a experiência que só o tempo pode proporcionar e distribuir a sabedoria por todo o mundo.
Alguns Deuses podem ser associados ao Ancião:
Dagda: O “Deus Eficaz” é o nome pelo qual era chamado o deus-chefe Eochaid Ollathair. Dagda era uma deidade dos magos, é o primeiro e o mais poderoso, grande guerreiro, habilidoso artífice, e o mais esperto de todos que possuem a vida e a morte.
Teutates: O Deus da intuição e do conhecimento celta.
Conhecer e, principalmente, alinhar-se à energia da Deusa e do Deus,
representados em seus aspectos tríplices, é um desenvolvimento fundamental a qualquer um que queira sentir e principalmente compreender a Wicca.
Fonte: Wicca A Bruxaria Saindo das Sombras - Millenium

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Tradições Masculinas

Os mistérios masculinos sempre tiveram seu lugar em muitas expressões da religião pagã. Para um Pagão, a espiritualidade masculina é respeitada como uma expressão do Deus em suas muitas formas. Homens pagãos buscam inspiração no Deus de Chifres e em outros aspectos da Divindade masculina, procurando alcançar dentro de si mesmos uma visão de sabedoria, força e amor. O Movimento Masculino é uma força de união em todo o mundo, constituindo uma expressão mais abrangente de uma espiritualidade masculina recém-desperta. Os homens estão questionando os papéis que a sociedade lhes atribui, procurando em seu interior por uma nova compreensão do espírito masculino.

Em busca de uma espiritualidade masculina mais profunda, as tradições masculinas de expressão espiritual assumem diversas formas. Alguns homens trabalham nas tradições pagãs estabelecidas, ao passo que outros criaram grupos específicos de mistérios masculinos, dedicados a explorar a relação dos homens com o Divino. Alguns grupos de mistérios masculinos voltaram-se para mitos antigos e tradições de sociedades tribais, outros para os cultos iniciáticos pagãos, tais como o de Mitra, o Deus das legiões romanas. Alguns outros baseiam seu trabalho na obra literária de R. J. "Bob" Stewart.

Dois homens que têm tido uma forte influência em como outros estão buscando encontrar-se são o psicólogo John Rowan, com seu livro "The Horned God", e o poeta e autor Robert Bly, com seu best seller "Iron John". Ambos são colaboradores em "Choirs of the God", um livro que explora a espiritualidade masculina.

"A busca de imagens masculinas alternativas inicia, para muitos homens, com os Deuses pagãos e as figuras míticas suprimidas pelo cristianismo. A mitologia celta e o Ocultismo ocidental formam a base de muitas das tentativas recentes de revisar a masculinidade. Sentir o 'Poder Masculino na Terra' ou contatar 'O Deus Interior' esclarecem a realidade da masculinidade no mundo moderno, enquanto nos fornecem visões — do passado, do inconsciente, do reino dos Deuses — de um modo diferente de ser homem."


Por John Matthews ed., Choirs of the God: Revisioning Masculinity, Mandala, 1991.


Quem é Manannan Mac lLyr...


O espírito e a energia do oceano, Manannan é o deus celta para quem a Ilha Man (Mannin) foi nomeada. Muitas vezes referido como o filho de Lir (Llyr), pai Manannan foi a origem de Rei Lear de Shakespeare. Manannan aparece nas lendas arturianas pelo seu nome galês no conto de Culhwch e Olwen, e como Barinthus, após a Batalha de Camlann.

Filho do Deus do mar, Llyr, era homenageado como uma das principais divindades do mar pelos irlandeses. Reverenciado ainda como protetor dos navegadores, Deus das tempestades, da fertilidade, da navegação, dos mercadores e do comércio. Tinha uma armadura mágica que dizia ser impenetrável. Ele possui, entre outras coisas, o fabuloso saco da Garça-Azul, que contém todos os seus tesouros, inclusive a Linguagem. Como acontece com muitos deuses arianos do mar, ele se associa bem de perto aos cavalos.

Manannan está associado com Avalon, e é o guardião das portas entre a terra e a Ilha das maçãs. Ele é mencionado em vários contos celta, e é visto como Deus e mágico. Ele possui vários tesouros mágicos, incluindo uma espada contra o qual não há defesa e um peitoral, que não pode quebrar. Esses itens representam, obviamente, o poder do mar. Outra das posses Manannan é um manto mágico que muda de cor, e esta é uma maneira de descrever de forma literal a neblina do mar.

Manannan às vezes é calmo e às vezes inquieto, mas sempre inspirador. Assistindo o oceano é uma experiência mágica, pois a energia espiritual da água nos afeta profundamente. Afinal, nossos corpos consistem principalmente de água, o mar foi o nosso lar original durante as primeiras fases de evolução.

Apesar dos esforços incessantes da humanidade para poluir e pilhar os oceanos, Manannan sobrevive. No entanto, isso não quer dizer que devemos resistir aos esforços para proteger o meio ambiente. O Reino de Manannan contém frágeis recifes e uma miríade de criaturas de diversidade inimaginável, todos os quais estão sob ameaça de nossas ações.

Embora a nossa espiritualidade se baseia nas lendas antigas de inspiração, o paganismo é uma verdadeira religião para os tempos modernos. Ao reconhecer e adorar deuses como Manannan, relembrá-los nos dias de hoje, e proteger o meio ambiente é uma dessas tarefas.

Como amante da cultura celta decidi adotar seu nome... meu grande Senhor Manannán... Aquele que habita nas profundezas do Útero da Grande Deusa... o Oceano, que é o inicio de tudo.